Brasileiros desenvolvem vacina contra crack e cocaína
05/06/2023 16:32 em Novidades

Brasileiros desenvolvem vacina contra crack e cocaína

  

Uma vacina em desenvolvimento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) promete tratar a dependência da cocaína e de seus derivados, como o crack.

 

Em estudos desde 2015, o medicamento, chamado de Calixcoca, já passou por testes pré-clínicos com ratos, nos quais foi observada a produção de anticorpos anticocaína no organismo dos animais. Agora, os pesquisadores estão em busca de recursos para iniciar estudos em humanos.

Nos testes com ratos, os anticorpos produzidos pela Calixcoca impediram, por meio de uma molécula sintética, que a cocaína ultrapasse a barreira hematoencefálica dos pacientes, ou seja, que seja levada pelo sangue para o sistema nervoso central, chegando ao cérebro.

A Calixcoca é uma das finalistas do Prêmio Euro de Inovação em Saúde - América Latina, da farmacêutica Eurofarma, que vai conceder 500 mil euros para o grande destaque desta edição.

Tratamento pioneiro

Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNOD) indicam que, atualmente, dos cerca de 275 milhões de usuários de crack e cocaína em todo mundo, 36 milhões sofrem de transtornos associados ao uso das substâncias. Ainda segundo o órgão, as quantidades de cocaína ofertadas em todo planeta atingiram níveis recordes em 2020, com a produção de cerca de 2 mil toneladas.

No Brasil, ainda segundo a ONU, a cocaína e o crack respondem por 11% de todos os tratamentos de dependência, a maior parcela entre as drogas ilegais. No país, a dependência em crack tem sido um dos maiores desafios da saúde pública, principalmente com a proliferação de "cracolândias" nos maiores centros urbanos, como São Paulo.

Problema social

De acordo com o psiquiatra Dartiu Silveira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com experiência de mais de 30 anos no tratamento de pacientes com dependência em cocaína, outros fatores, como depressão, impulsividade e exclusão social, também compõem os quadros de vício na substância.

"Cada um vai ter sua história por trás da droga. É também importante identificar isso, inclusive os tipos de indivíduos e por que fazem o uso e passam para a dependência", afirma, apontando que as vacinas podem ter eficácia também na prevenção de possíveis overdoses.

O psiquiatra lembra que a reintegração de dependentes e moradores das "cracolândias" à sociedade também são componentes importantes na reabilitação.

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